A Midnight In Buenos Aires | A casa da minha avó

(sem pressão, nenhuma pressão…)

Sempre gostei das nossas tardes e dos nossos lanches. Primeiro o leite com chocolate, depois o café. A evolução ali, naquela chávena que tem aquela menina, a escola por trás e borboletas. E a menina apanha borboletas não é assim?

Primeiro o leite com chocolate, depois o café. O café veio mais tarde, o cheiro sinto-o desde sempre. Tenho gravados em mim todos os cheiros da tua casa, o cheiro das torradas, o cheiro da salsa, o cheiro do chá, das uvas de setembro, o cheiro dos lençóis brancos que estendes no terraço, o cheiro do salpicão, do doce de morango, do doce de ananás e do doce de pera, o cheiro do chocolate negro, o cheiro dos churrascos de agosto e dos churrascos de dezembro, da marmelada, o cheiro do café sempre o cheiro do café, o cheiro do caril e da cabidela, o cheiro do perfume da bailarina. Estão na minha pele, todos estes cheiros que são teus e meus, estão na minha pele.

Depois penso sempre nas tuas mãos. Penso nas tuas mãos quando penso nas nossas tardes e nos nossos lanches. Gosto das tuas mãos. Fecho os olhos e sou capaz de rever meticulosamente as tuas mãos a cortar o feijão-verde fininho, a fazer-me festas na barriga, a tricotar aquela camisola às cores. Gosto das tuas mãos e gosto das tuas mãos por cima das minhas. Sobretudo, gosto das tuas mãos por cima das minhas.

E da tua casa, a tua casa, as nossas tardes, os nossos lanches, os nossos cheiros e as tuas mãos, tão bom e tão simples quanto isto. O paraíso é bem aqui.

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http://amidnightinbuenosaires.blogspot.pt/

Comentários

  1. […] A Midnight in Buenos Aires | A casa da minha avó — Rita Laranja Foi o primeiro artigo publicado no lançamento do IP4 e toda a gente ficou com vontade de visitar a avó da Rita. Esta é uma sequência fotográfica luminosa e cuidada, com a qualidade a que a Rita nos continua a habituar. […]