Entrevista | Dear Telephone

Desde 2010, o ano-génese, que os Dear Telephone se têm vindo a revelar um dos nomes mais sólidos da nova música portuguesa. Dia 28 de Fevereiro vêm ao Teatro de Vila Real com Taxi Ballad na bagagem, o álbum de 2013 que já foi apresentado em palcos como o Hard Club ou o Optimus Primavera Sound. A propósito de um concerto que se antevê muito especial, fiz algumas perguntas à banda. Não demasiadas, porque existem sempre as canções.

Dear Telephone

Os Dear Telephone são um caso muito interessante porque mantendo um postura um bocado low-profile cimentaram-se no panorama musical português. Isto permite que a música fale por si, o que aposto que para vocês é mais entusiasmante do que viver de hypes. Por isso mesmo, esta postura é deliberada ou é simplesmente um fruto da vossa atitude como músicos?

A nossa postura é deliberada e intencional mas não tem como objectivo ser low-profile, fugir de hypes ou qualquer outra questão lateral à música. Temos bem presente o que queremos, musical ou artisticamente, e essa postura a que fazes referência acaba por ser um efeito colateral. De resto, nunca quisemos cultivar nenhuma espécie de hermetismo ou obscurantismo, somos uma banda de canções que quer chegar às pessoas. Mas sem pressas nem atalhos.

Vocês têm vindo a rodar o último disco, Taxi Ballad, um pouco por todo o lado. Essa experiência mudou a vossa maneira de olhar para o disco?

Curiosamente, o próprio disco foi muito pensado quase como um concerto. Despido de arranjos e gravado praticamente live (com excepção das vozes). Achamos que este ponto de partida nos resolveria duas questões: cumprir a nossa vontade, que vem desde o início da banda, de explorar ao máximo o potencial de cada instrumento, com um mínimo de artifícios; e ter uma base sólida à partida para os concertos de apresentação, onde as canções pudessem crescer. Talvez por isso sintamos que o olhar sobre o álbum não mudou assim tanto, na medida em que ele continha já todos os pressupostos para poder crescer ao vivo.

O que podemos esperar do vosso concerto? Reconhecem, vocês próprios, alguma identidade específica aos Dear Telephone ao vivo?

O que procuramos ao vivo é dar o espaço necessário para as composições crescerem e se sentirem à solta. É um processo difícil de conceptualizar. Mas assumimos uma tendência para ser, ao vivo, mais sónicos e experimentais.

Apesar de ainda virem com um disco do ano passado, já há projectos para o futuro?

No momento, o nosso principal foco é tocar ao vivo. Mas surgem novas canções e já estamos a começar a sentir a crisálida da vontade de regressar ao estúdio. Talvez no final do ano.