textoSofia Rocha e Silva
tradução do espanhol Joana Bravo

fotografia Paulo Quinteira

Entrevista | Guadalupe Plata

Depois de um concerto de quase hora e meia, o IP4 sentou-se alguns minutos com Guadalupe Plata, que assinalavam, nessa noite de 16 de Maio, no Club de Vila Real, o 300º concerto desde a formação da banda. Pode-se dizer que vivem em tour, tocam em todo o tipo de lugares e percorrem Espanha, e agora Portugal, pregando o blues. Compostos por Carlos Jimena na percussão, Paco Luis Martos no baixo e Pedro de Dios Barcelo na guitarra e na voz, arrancam agora novamente para Espanha e, em Outubro, para o Mississipi.

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Por viverem em cidades diferentes, vocês raramente ensaiam, mas em contrapartida dão muitos concertos e por isso, provavelmente, muito da experimentação acontece em frente a um público. De que forma essa dinâmica é importante para o vosso processo criativo? 

Pedro de Dios Barcelo: Sim, ele vive em Madrid e eu em Granada. Ensaiamos pouco? Bem, na verdade estamos quase toda a semana a tocar, então o ensaio fazemos talvez uma vez por mês, em que nos juntamos e criamos coisas novas, mas normalmente estamos sempre em na estrada, então, acabamos por manter estas canções sempre.

A vossa música, sendo blues, tem naturalmente um traço americano muito próprio, mas, por outro lado, misturam-lhe algo menos característico, como é que as vossas raízes em Úbeda vos influenciam?

Carlos Jimena: Bem, talvez não tão americano… Bom, americano porque partimos de uma base folclórica american… Mas também nos deixamos influenciar pelas coisas da nossa terra… Como coisas que estão dentro de nós desde criança até agora, toda a música que ouvimos, folclore da nossa terra, e misturando tudo um pouco, construímos a personalidade desta música.

Depois de vários concertos em Espanha, vêm agora a Portugal. Como é que os portugueses têm respondido à vossa música? Têm dançado?

Pedro: Bom, tanto ontem como hoje, como pudeste ver, creio que sim, que há uma resposta positiva à nossa música aqui em Portugal.

Carlos: Não… Bom, em alguns sítios aqui em Portugal, como ontem, havia pessoas a dançar, mas não creio que o importante seja se as pessoas dançam ou não. Cada um recebe a música à sua maneira, e vive-a da maneira que a sente. Alguns dançam, outros ficam calados a ver, outros vão-se embora porque não gostam, mas isso é o bonito também: que cada um sente a música à sua maneira.

A vossa música é muito crua, e até é um pouco sexual. Em que é que se inspiram? Quão pensado é esse som?

Pedro: Crua e sexual, dizes?… Bom, tendo em conta que fazemos blues —e creio que o blues tem uma forte componente de crueza e sexualidade—então quando os tocas, o mais natural é que soe assim.

Carlos: Penso que não é propriamente uma coisa premeditada: sai espontaneamente, não estamos sequer à procura de sexualidade na música… mas, sim, talvez possa ser identificada.