Entrevista | indignu

A propósito da tour de promoção do novo álbum Odyssea, os barcelenses indignu apresentam-se no próximo Sábado, 26 de Outubro, no Pequeno Auditório do Teatro de Vila Real, numa produção partilhada com a Covilhete na Mão. Basta ouvir aqui Odyssea, e ler o feedback que a banda tem recebido, não só em Portugal, mas pelo mundo fora, para entender que algo muito especial está a acontecer aos indignu. Com um disco altamente cinematográfico e lírico, lançado três anos depois do primeiro LP, Fetus in Fetu, e um espectáculo ao vivo que não tem deixado ninguém indiferente, os indignu são, sem dúvida, uma das bandas do ano de 2013. Em jeito de antevisão desta noite que tem tudo para ser enorme, fiz umas perguntas ao Afonso, guitarrista da banda.

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Imagino que seja incrivelmente difícil para vocês fugir do rótulo post-rock, o que pode ser muito injusto, pois há sempre uma tendência da parte do público de enfiar tudo no mesmo saco, mesmo antes de ouvir a banda em questão. Isto incomoda-vos ou sentem que a música que fazem chega para vos libertar destas ideias pré-concebidas?
Na nossa opinião, pensamos que a música que fazemos e sobretudo as sonoridades que este disco (Odyssea) apresenta são suficientes para perceber que a rótulo post-rock é de certa forma redutor. Portanto, independentemente do “tipo de som” onde nos encaixem, nunca estaremos muito preocupados com isso, mas sim em fazer música e sentir que há feedback do que fazemos.

O Odyssea tem sido muito bem recebido, tanto pela crítica como pelo público. Como é que tem sido a experiência até agora, do vosso ponto de vista?
Tem corrido bem. A cada dia que passa desde que o Odyssea saiu, vemos que há cada vez mais pessoas a interessarem-se pela banda. Constatamos que isso acontece sobretudo depois de nos verem ao vivo. O facto das críticas, tanto nacionais como estrangeiras serem sempre de cotação elevada, acaba sempre por saber bem, como é óbvio.

Em três anos de hiato discográfico, desde o lançamento de Fetus in Fetu, o que mudou na banda? Presumo que tenham experimentado bastante antes de chegar ao conceito do novo álbum. Em que ponto é que se aperceberam que tinham material e direcção para gravar um disco?
Logo que terminamos os concertos de promoção ao Fetus in Fetu; tivemos vontade de algo arrojado. Indiscutivelmente, a entrada da Graça deu novos ares e novos caminhos na composição e concluímos que só quando os temas nos agradassem por completo se seguia para estúdio. Entretanto o conceito do álbum foi amadurecendo, até que antes de gravar já sabíamos em que moldes se queria lançar o trabalho. Foi um ano e meio de composição, no fundo. Mas poderiam ser dois ou mais anos. O importante é o resultado final.

Não sei se partilham a mesma noção, mas o Odyssea parece ter dado aos indignu todo um novo público. Não posso deixar de me lembrar da primeira vez que vos ouvi, através de uma recomendação de um estranho no Last.fm que me passou um link pirata do disco (peço desculpa!). Na altura, o fenómeno parecia muito mais restrito do que hoje, falando do que se via na Internet, claro está… Concordam?
Já antes do Odyssea sair, sobretudo do estrangeiro sentimos que havia muito gente a ouvir. Em 2012 por exemplo, vendemos várias dezenas de discos (Fetus in Fetu) para fora, bem mais do que para Portugal. Agora, depois de Odyssea sair, houve uma reacção bem maior e notamos que há muita gente a ouvir. As críticas têm sido boas… os concertos têm sempre um feedback das pessoas bastante positivo: talvez seja isso que leva mais gente a interessar-se…

Entrevista | indignu

É notável, e aliás vocês já o referiram, que este novo álbum assume mais dimensões do que apenas a sonora/musical, mergulhando em mundos líricos e cinematográficos, numa descrição de paisagens oníricas que se vão materializando nos vários capítulos de Odyssea. Mas se através do disco, como objecto físico, e dos vídeos, é relativamente simples assumir esta multidisciplinaridade, como é que em concerto se garante que a mesma não se perde? E já agora, o que se pode esperar do vosso concerto no Sábado, em Vila Real?
Cada concerto é um concerto. Por determinados motivos não há concertos” iguais”. Pelo menos com indignu é assim. Nós tocamos o Odyssea na íntegra sempre que nos é possível. Não foi assim no Hard Club com God Is An Astronaut, pois o tempo para “quem abre” é sempre limitado. No entanto em Vila Real, tocaremos o disco na íntegra. Ao vivo temos sempre algo que não há em disco. A energia, o suor e uma intensidade duplicada… algo que por mais que procures num disco nunca encontras. Embora complementemos com vídeo sempre que possível o concerto, tocamos o alinhamento na forma de capítulos ligados como no álbum e essa multidisciplinaridade que falas está na essência de cada tema, assim sendo, pensamos nós, o conceito do Odyssea não é beliscado.