Entrevista | Quelle Dead Gazelle

A gazela correu solta por Bragança, e nós, como aliás nos competia, soubemos usar as curvas sinuosas do IP4 para a cansar e poder fazer-lhe umas perguntas. Sorte a nossa de poder contar com a tenda de backstage. Lá fora chovia Rock!

Fotografia de Adriana Barros

© Adriana Barros

Primeira pergunta de todas, que já deve ter sido feita mil vezes. Vocês não têm vocalista, e devem ter 20 amigos a dizer: Pá, a cena é fixe mas vocês deviam ter um vocalista. Qual é a vossa opinião sobre isso? Há necessidade de ter um vocalista? Participações de pessoal? Baixistas?
Pedro Ferreira: Ao início as pessoas sugeriam que talvez faltasse alguma coisa mas tentei arranjar soluções, não digo para substituir o baixo mas para preencher mais o som, dado que éramos só dois, e à medida que o tempo foi passando fomos percebendo que a coisa funcionava desta maneira e achámos que não faria falta integrar um membro definitivo. Contamos sim ter algumas participações de futuro.

Os Quelle Dead Gazelle têm influências notórias de todo o lado. Junta-se peso com influências africanas, um pouco de tudo. Daqui a uns anos, o quê que se vocês se veem a fazer diferente?
Pedro: Não sabemos, mas é possível que assuma contornos diferentes.
Miguel Abelaira: Vamos com certeza tentar mudar. Não queremos tudo dentro do mesmo registo.

Vocês acreditam em Deus? Isto porque o destino está nas mãos de Deus.
Pedro: Em Buda, Alá e coisas desse género. Não, nem por isso. O destino está nas nossas mãos

Em relação à vida do Rock ‘n’ Roll, vocês têm tocado em todo o lado, têm corrido o país todo. Já houve alguma altura em que vocês pensaram largar tudo e trabalhar na caixa do Continente? Houve alguma altura em que pensaram abandonar esta vida ou isto é mesmo o que sempre quiseram?
Miguel: Quis viver isto mesmo mas houve altura em que afinal queria ser médico! Mas…
Pedro: A sério?
Miguel: Entretanto mudei de ideias e quis ser realizador de cinema.

Deixaste crescer o cabelo?
Miguel: Sim, deixei crescer o cabelo e decidi voltar para o Rock. E agora é suposto ficar.

Vocês conheceram-se noutra banda. Nesse projeto eram os dois guitarristas.
Pedro: Sim, guitarrista solo e guitarrista ritmo.
Miguel: E eu cantava também.

Como se deu a evolução desse projeto para este? Quelle Dead Gazelle é mais gratificante, certo?
Miguel: Para já tínhamos menos 5 anos e a minha banda preferida ainda era AC/DC.
Pedro: Éramos putos.

Já agora, por curiosidade, que género de música tocavam nessa altura?
Pedro: Era tipo Indie Rock. Nós demos, quê, dois concertos?
Miguel: Três!

Miguel, e como acontece a tua mudança para a bateria. Era uma cena que já tinhas? Já tocavas?
Miguel: O meu irmão tinha uma banda e emprestaram-lhe uma bateria, que entretanto foi para nossa casa. Ficou lá cerca de dois anos. Lembro-me do dia em que chegou. Olhei para ela e decidi montá-la. Aconteceu assim.

Tocaram no Milhões de Festa, no Warm Up de Paredes de Coura, Alive. Qual é o vosso palco de sonho? Pedro: Palco de sonho? Talvez o palco principal de Paredes de Coura… O secundário já era bom.
Miguel: Não… Qualquer coisinha lá fora!
Pedro: Glastonbury? Coachella?
Miguel: Um Coachellazinho!

Um Roadburnzinho?
Pedro: Porque não? Quem sabe?

Muito bem! Diz-se que se aprende sempre qualquer coisa em cada sítio que visitamos ou sempre que falamos com alguém. Com a passagem no FMAB aprendemos que usar as curvas para atingir determinado fim tem toda a lógica. O crime compensa, meus caros.