Entrevista | Rosinha

Na última noite da Caloirada aos Montes entrevistámos a Rosinha, sempre sorridente, simpática e absolutamente gelada até aos ossos, “Estive na Alemanha a semana passada e não estava tanto frio!”, disse-me no final da entrevista. Trocando algumas palavras é impossível não gostar dela e, mais, tendo ouvido o concerto antes disso quase dá para jurar que a presença do Quim nas festas académicas é história, a Rosinha veio para ficar, com o seu humor inconfundível e a postura mais feminista que alguma vez conhecemos numa cantora pimba em Portugal.

A propósito de um tema já pensado pelo IP4, quis saber a opinião dela sobre a morte do pimba, e chamo-lhe assim com amor, considerando que apesar de pôr de parte qualquer seriedade ou interpretação romântica e profunda, a música brejeira (como ela a define) encerra em si, num sentido mais lato, alguma herança cultural portuguesa.

_DSC6424

Apesar de já termos muitos anos na música popular portuguesa, já não se faz pimba como antigamente. Agora vemos bandas de sete ou oito, quase só de covers de músicas estrangeiras. Achas que o verdadeiro pimba está a morrer?

Rosinha: Olha, eu ainda sou do tempo em que pimba era o que o meu pai fazia com a minha mãe! Pimba e pimba e pimba. Depoooois relativizaram a palavra para a música, não é…

Apareceu o Emanuel…

Apareceu, e a Ágata também!, que foram reis, rainha e rei da música pimba há uns aninhos atrás. Então o pimba veio como um género musical associado. Não se faz… Não sei sabes, olha, é assim, eu não fico nada horrorizada ou escandalizada por dizerem que eu canto música pimba ou música brejeira, sabes, para mim não faz a mínima impressão, desde que as pessoas se divirtam e gostem, está óptimo. Quanto a não se fazer como antigamente, sabes que na realidade há cada vez mais covers, sem dúvida nenhuma, mas eu sou o exemplo, para além de não ser exemplo para ninguém!, faço um disco com dez originais todos os anos, agora dá é muito trabalhinho, mas também dá muito gozo a fazer. E depois é excelente quando chegamos assim às vossas festas e vemos os cartazes que vocês trazem para a festa, para o espectáculo e da maneira como se divertem.