Era a Ladies Night em Vila Real e eu fui

Seria de esperar que eu gostasse de discotecas, porque englobam duas das minhas coisas preferidas:
–dançar no meio de uma multidão;
–luzes coloridas.

Só que, na maior parte das vezes, acho a música super repetitiva e entediante. Se estiver demasiado barulho para conversar, e à falta de alguém com quem me entretenha a dar uns beijinhos, aborreço-me muito rápido.

Mas esta noite era diferente. Era a Ladies Night em Vila Real.
O que significa que não pagávamos entrada, e tínhamos 5 bebidas de graça.
Como o meu amor por coisas grátis ultrapassa em larga escala o meu ódio a música de discoteca, estava muito entusiasmada!

Tínha ido com a Xana e a Mariana a Vila Real, visitar a Sofia, como parte do nosso plano de férias económicas em que iríamos às casa dos pais umas das outras e ficávamos por lá uns dias.
A única vez que tinha estado em Trás-os-Montes antes foi para um almoço de família, num restaurante que tinha cabeças de javali penduradas na parede.
Se dessa vez experimentei botelo, agora estava prestes a experimentar a realidade paralela que são discotecas no mês de agosto, inundadas de emigrantes.

No caminho para lá, a Sofia contou-nos que, há uns anos, as Ladies Night ofereciam 10 bebidas às mulheres e 5 cervejas aos homens.

Quando se pensa bem no assunto, toda a ideia de Ladies Night é um bocado estranha, não é? Tens uma vagina?
Toma lá um cartão de bebidas cor-de-rosa (sim, era mesmo cor-de-rosa) e vai pedir cinco tequila sunrises à borla.

Mas, indignação feminista à parte, lá pegámos nas nossas bebidas e fomos dançar ao som de algum funk brasileiro remixado que me era vagamente familiar.
Enquanto dançava, ou melhor, me abanava ligeiramente de um lado para o outro e tentava não entornar nada, comecei a reparar nas pessoas à volta.

Toda a gente era um bocado foleira.

Havia homens com grandes decotes em V, gel no cabelo e colares de prata. Alguns já não eram assim tão novos, e estavam sozinhos, bebida na mão, a olhar para as outras pessoas.
A maioria das mulheres tinha imensa maquihagem e provavelmente os mesmos soutiens super-push-up que eu tinha visto, nesse mesmo dia, na Women’s Secret e me tinham deixado muito confusa.

Como descrição geral, imagina-te num espaço com muito fumo, tectos baixos, luzes intermitentes, rodeado pelo elenco da Jersey Shore.

A Xana estava super contente:
–É como ir a um bar gay! Não me sinto atraída por ninguém!