Onde páras tu, Ilda de Castro?

Conquistou-nos logo no primeiro olhar que fizemos à capa da cassete “A Pomba de Rosinha” e salivámos por saber mais sobre ela. A sua pose descontraída, de mãos nos bolsos e ar “don’t give a fuck”, a esbordar coolness dos 80 a que a Bonnie Tyler só com muito treino e audições massivas depois de A-ha e Rick Astley chegaria lá. Quisemos saber o paradeiro actual da Ilda e fomos à procura dela. Na internet, obviamente.

ilda1

Mãe querida, Mãe querida.

É bom que saibam que o primeiro contacto que tivemos com a Ilda foi através de uma partilha dessa grande canção sobre Trás-os-Montes (ouçam-na em baixo). Ficámos imediatamente derretidos e apaixonados pela Ilda e só vamos descansar quando ela aceitar o nosso pedido de amizade no Facebook e responder às nossas perguntas.

Para quem desconhece a história da Ilda, saibam que é um pouco semelhante à do Roberto Leal e de tantos outros portugueses que atravessaram o Atlântico na década de 60 na procura de uma vida melhor. Se não sabiam, ficam agora a saber que o Roberto (soltem uma lágrima por ele!) nasceu no Vale da Porca, uma pequena freguesia de Macedo de Cavaleiros que ronda as duas centenas de habitantes. Tal como o Roberto Leal, Ilda nasceu em Trás-os-Montes, em Matela, concelho de Vimioso, e era também criança quando rumou ao Brasil com a família.

Ilda, tão natural quanto os 80.

Foi nas terras das telenovelas que Ilda cresceu como artista e mulher. Inicialmente cantava para as comunidades portuguesas, mas o seu sucesso foi aumentando. As participações em programas televisivos começaram a suceder-se e entre glórias alcançadas, Ilda actua para uma plateia de 30 mil pessoas.

No Brasil, contruiu família e mais tarde regressou a Portugal, fixando residência em Lisboa. Ainda hoje mantém o sotaque do português do Brasil, mas sabemos que é uma por uma questão de coolness de portugalidade.
Com quase 40 anos de carreira e a caminhar para os 30 discos gravados, Ilda já percorreu meio mundo a cantar para as comunidades portuguesas. Suiça, França, Luxemburgo, Alemanha, África do Sul, Austrália, Argentina e São Tomé e Príncipe só para citar alguns.

A “portuguesinha”, como carinhosamente os fãs lhe chamam, colecciona discos de ouro e platina. Em 1992, foi galardoada no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, com o prémio de popularidade pela Casa da Imprensa como a artista com mais destaque desse ano.

Dizem os peritos que Ilda constitui um grande orgulho para os transmontanos por saber aliar a beleza física à grandeza artística. Nós acreditámos, claro.

Beijinho Português, Bom Dia, Amor Voltei e Lisboa é Portuguesa são alguns dos seus sucessos que podem facilmente encontrar no YouTube ou então naqueles escaparates de cassetes nos cafés centrais das freguesias.
Sobre “A Pomba da Rosinha”, o tema título da cassete datada de 1987 (fotografia em cima), onde apenas pelo título vemos tudo o que é preciso para ser uma grande canção, optámos por deixar para uma próxima conversa com a Ilda. Sim, porque este amor ainda só agora começou.