Um novo ramo: Shortcutz Xpress Vila Real

A primeira sessão do Shortcutz Express Vila Real arranca na próxima quarta-feira, dia 22 de Outubro, no Centro Cultural Regional de Vila Real. Nós vamos lá estar, mais ou menos a quebrar o gelo antes do evento principal, a falar do IP4 e a inaugurar esta série de sessões, mas, por agora, falamo-vos do projecto original e do que esperar da versão vilarrealense.

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O projecto original

O Shortcutz não é um festival, também não é um evento — em vez disso o conceito dita que seja uma série de sessões regulares e que aos poucos faça parte da vida cultural da cidade que decidiu adoptá-lo.

Como o próprio nome indica, as apresentações são dedicadas à curta-metragem. As vertentes e abordagens são variadas, privilegiam-se novos talentos e novos filmes, pretende-se não só que seja uma mostra mas uma partilha de conhecimentos, pelo que um dos elementos da equipa responsável pelo filme exibido está sempre presente para o apresentar e trocar impressões.

Actualmente o Shortcutz tem ramos a funcionar em Amesterdão, Lisboa e Porto. Para breve estão Berlim, Viseu e Vila Real. Alguns destes são em versão Xpress (como será o caso do nosso), o que significa que as sessões acontecem quinzenalmente, em oposição ao modelo normal em que se realizam uma vez por semana.

Shortcutz Xpress Vila Real

Contando então que este é o ponto de partida do SXVR, a estreia traz-nos uma programação mais reduzida, quase introdutória. O programa começa com a apresentação do IP4 às 21h30, mas logo a seguir há a exibição de duas curtas, Torres de André Guiomar e Mulher.Mar de Filipe e Pedro Pinto. Além disso, como dita a regra do projecto-mãe, os realizadores vão lá estar para apresentar e falar um pouco sobre os seus filmes.

Torres © André Guiomar

Torres © André Guiomar

O que é que distingue o SXVR dos outros ramos do projecto? Em conversa com Luís Montanha ficámos a conhecer o fio condutor da apropriação vilarrealense e o ponto que este considera mais crucial: se o propósito é dar a conhecer a nova curta portuguesa, porquê ficar por aí se a generalidade do público não está familiarizada com a história cinema português?

Passa-se que não conhecemos o suficiente da nossa história, do nosso cinema, e um bom exemplo disso foi a “Invicta Film, que chegou a ser o estúdio mais moderno da Europa dos anos 20″ e cujo edifício foi demolido. “Hoje debatemos se o nosso cinema é bom ou não, se deve ou não ser financiado, dizemos que não temos história ou tradição no cinema, e no entanto temos estes detalhes que são importantíssimos. É assim que lidamos com a nossa história, é em frente, sempre em frente”.

cartaz do 1º Shortcutz Xpress Vila Real

cartaz do 1º Shortcutz Xpress Vila Real

A ideia é, portanto, criar uma espécie de programação paralela: a par da mostra de curtas de novos realizadores portugueses, deixar que o evento não seja uma cristalização do presente, mas antes permeável ao passado do cinema nacional.

A edição de estreia ainda não conta com esta vertente, mas prevê-se continuação pelo menos por mais quatro meses, à quarta-feira, de duas em duas semanas, mantendo-se também o Centro Cultural Regional, para que se crie “uma casa para o projecto” e se consiga a sua dissolução no dia-a-dia da cidade.