Vila Real: opressão fascista ao culto do ódio

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Depois da época da violência ser oficialmente aberta por Mário Soares e pelo Papa Francisco, venho tristemente constatar que não há condições em Vila Real para que ocorra uma verdadeira onda de destruição e caos. Se já sabíamos que esta capital de distrito vivia à margem do acesso cultural, comercial, social, entre outros, alerto agora para o facto, caros conterrâneos, de não existirem infra-estruturas que permitam a adequada e correcta execução do motim, nomeadamente o motim violento.

Dirijamos a nossa atenção para a Ucrânia, onde o derrube de uma icónica estátua de Lenin deu uma imagem que correu o mundo, no que Cavavo Silva já veio considerar como a coisa mais marcante da história do planeta, isto depois do funeral de Nelson Mandela — fontes oficiais garantem a ausência de qualquer tipo de exagero por parte do estadista. O problema em Vila Real é a falta total e completa de estatuária pública sobre a qual a população possa destilar ódio, cuspir, regurgitar, defecar e/ou urinar e, possivelmente, quem sabe, sobre a qual possa dar alívio aos prazeres mais carnais. Tudo isto isto é impossível numa cidade que não apenas vergonhosa como fascistamente opta por apenas homenagear em praça pública os seu heróis mais adorados. No momento da verdade, ninguém vai querer sujar o nome nem a cara de figuras como Camilo Castelo-Branco, Carvalho Araújo ou Alves Roçadas. Não existem, então, os requisitos mínimos para a revolta. E se na Ucrânia os manifestantes queriam mais Europa, imagine-se as exigências de uma manifestação de quem já está farto da Europa… Todas as grandes capitais mundiais possuem hoje locais de culto do ódio que permitem não o debate mariquinhas, mas o arremesso de calhaus e o derrube simbólico dos seus líderes. Lembremo-nos de Kiev com Lenin, mais uma vez, mas também de Baghdad com Saddam Hussein ou Braga com o cónego Melo.

A minha proposta é, então, a de criar num local qualquer da cidade (pode-se aproveitar uma rotunda) uma grande estátua para homenagear uma figura odiosa, a qual possa ser — em breve, esperamos — enxovalhada, deitada abaixo e, se não for pedir demais, decapitada em frente às câmaras da EuroNews. Com a ascensão de um novo executivo autárquico na Câmara Municipal, vejo esta como uma iniciativa prioritária numa cidade que se quer desenvolvida e a par das mais recentes inovações tecnológicas do século XXI. Apenas assim teremos uma democracia saudável, em que a violência gratuita possa ser praticada em paz.

Obviamente, e porque não sou do contra apenas porque sim — muito menos (valha-me deus!) um crítico — deixo aqui a lista de personalidades notáveis da cidade, como indicado pela Wikipédia. Com este lembrete, resta apenas aos responsáveis seleccionar um nome da lista (pode ser à sorte) e dar início à construção do monumento. À falta da realização deste projecto ver-me-ei obrigado a, nas próximas eleições autárquicas, votar no partido do Rui Tavares.

  • Pedro Passos Coelho

Comentários

  1. diz:

    Escolhi o terceiro ponto “à sorte”. Parece que não vai haver estátua..

  2. Optima ideia a propor numa futura Anual/bienal/trienal???? de artes plasticas e performativas…eu ajudo…Abraço