Rescaldo .Gif — Encontro de Artes Visuais

O Gif — Encontro de Artes Visuais teve a sua primeira edição este fim de semana (5 e 6 de Outubro) no Museu da Vila Velha, em Vila Real. Passadas as apresentações, pode ser dito que quem lá esteve fica à espera do próximo, com a festa incluída.

© Vasco Rafel

No sábado de manhã, para o workshop fotografia de moda é pós-produção, o museu transformava-se em backstage, a Sara era penteada, maquilhada, vestida, despida e vestida outra vez com as peças da colecção Careca Cabeluda de Cláudia Mendes; depois, habilmente fotografada pelos participantes, orientados por Isa Silva e Daniel Moreira. À tarde seguiram-se as conferências.

André Brito, fotógrafo, apresentou o seu percurso desde a infância, as máquinas deixadas pelo pai, o amor pela fotografia, um curso de Engenharia e um emprego na função pública, até culminar, desde há cinco anos atrás, na fotografia profissional. Foi o melhor exemplo de quão próximos os oradores estavam dos participantes: as perguntas apareceram naturalmente e a apresentação estendeu-se descontraída. Falou-nos do seu trabalho comercial e da sua paixão pessoal, a fotografia de nu, íntima e sublime, que alcançou já reconhecimento internacional.

Cláudia Mendes, logo a seguir, guiou-nos pelo processo de criação da colecção Careca Cabeluda, um projecto que começou académico e vai ser apresentado esta sexta-feira na ModaLisboa. Falou-nos das suas inspirações, da Careca, da Cabeluda, e das suas ideias e opiniões acerca da moda e de como é estar a estudar a área na Universidade da Beira Interior.

© Vasco Rafael

Depois do coffee break Nelson Vieira explorou o papel do stylist e do director artístico na produção da fotografia de moda. Com um trabalho mais editorial do que comercial, apresentou-nos a sua linha de concretização de um conceito, desde a recolha de inspirações e pesquisa até ao cunho pessoal e interpretativo que cada peça acaba por ter. Finalmente, via skype, Bruno Pereira contou-nos, a partir de Lisboa, como cresceu a Magnética Magazine e como a relação da revista com a moda é essencial para a identidade editorial do projecto. A interacção com os participantes, mesmo por via skype, foi calorosa e próxima, as perguntas foram-se seguindo e no Gif sentiu-se que o objectivo inicial de aproximar profissionais e talentos emergentes estava cumprido.
As conferências terminaram e ainda havia sol. Levámos a Cláudia Mendes a provar um covilhete — mas ela não ficou muito convencida de que a tampinha fosse o suficiente para lhe chamar outra coisa que não uma empada.

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© Joana Rodrigues

Bastante mais tarde, era já meia noite quando o concerto dos Holy Nothing começou. A banda do Porto deu um concerto enérgico e cativante no Club de Vila Real, do qual fizeram também parte as projecções ilustrativas de Bruno Albuquerque, contribuindo para um universo freaky pop contagiante, ainda que qualquer tentativa de fazerem o público dançar não tenha resultado — plateia tímida esta. Mesmo sem grandes danças, a noite prolongou-se até horas muito altas, com o patrocínio marcado do The Famous Grouse para o .GIF e conversas calibradas entre oradores, participantes e organização.

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© Joana Rodrigues

Ainda assim, no segundo dia, domingo, o encontro arrancou logo de manhã. Era a fase seguinte do workshop de Isa Silva com Daniel Moreira, e os participantes reuniram-se no museu para a pós-produção das fotografias tiradas no dia anterior. Depois do almoço, para a última fase, em ambiente familiar e sossegado, Isa e Daniel guiavam por máscaras, valores de cor, contrastes e sombras no photoshop.

O .Gif fechou com a exibição de fashion films, a partir das seis da tarde. A organizaão seleccionou para o encontro alguns exemplos da exploração visual do filme para marcas de moda que, não contentes com a abordagem plana do product placementpreferem hoje enveredar por um vídeo conceito, preferenciando a apresentação da filosofia e sentimento da marca ao produto em si.

Do feedback que conseguimos, sabemos que quem lá esteve fica à espera do próximo. Esperamos nós também que a mobilização de público para actividades gratuitas seja mais fácil e que continuem a haver razões para celebrar temas que, de outra forma, não pertenceriam ao cenário cultural vilarealense.