A corrida das cores

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Tenho saudades de ser criança e esta nostalgia que me invade não fica a dever-se à falta de responsabilidade mas sim à ignorância própria da idade. Hoje reconheço num ignorante uma capacidade bem acima da média de viver uma vida feliz.

Posto isto, e ainda imbuído da ingenuidade pueril, olhei com agrado para esta nova vaga de juventude que tem rodeado a classe política nos últimos tempos. Podemos estar perante uma dupla de sucesso.

Há quem lhe chame caça ao poleiro, mas eu não acredito nisso. A meus olhos podemos estar perto de atingir a perfeição. Uma classe política capaz, que atenta à evolução natural das coisas, trava batalhas em Photoshop. Uma juventude informada que, atenta aos problemas da cidade, corre em trajes coloridos de forma a acabar com os problemas municipais. Não me interpretem mal, sou completamente a favor do desporto. Não conheço muitas actividades que promovam de forma tão saudável a integração. Mas fazendo uma pequena analogia, parece-me que bem à imagem de um indivíduo que inebriado com álcool esquece as agruras da vida, para as encontrar no mesmo sítio esgotada a intoxicação, também uma corrida colorida ou uma ida ao futebol poderão servir para congelar os pensantes para os problemas realmente importantes, que estarão na mesma rua finda a diversão.

Bem, estou descansado. Eleitorado competente, assim como quem lhes dará voz. Todos cientes das suas limitações e aptos a contribuir, tal é o mar de ideias com que nos têm presenteado.

O certo é que pela primeira vez a expressão “atirar poeira para os olhos” se encara de forma literal.